***escrito aos 25 de setembro de 2010***
Hoje, 4 dias apos eu ter entrado em trabalho de parto, aqui estou eu ainda no hospital - juro, to quase cortando os pulsos, nao aguento mais!
Voce aih, na paz do seu lar deve etar se perguntando, "mas e aih, como foi o parto?", pois bem... senta que lah vem a estoria, ou melhor, o drama.
Como voces jah sabem atraves do marido, o parto foi duro, e, claro, se eu estou aqui hoje com energia pra contar pra voces o que aconteceu, eh sinal que terminou tudo bem.
Por onde comecar? Nao sei se narro os fatos conforme foram acontecendo, obedecendo a linha do tempo, ou se chuto o balde, mando pros quintos as etapas e vomito aqui tudo pelo que passei, assim desordenadamente mesmo. A vontade eh fazer um post num formato especial, soh com caracteres assim, oh: *$^!$^*)%#$@!&^*$. Mas vou tentar segurar minha onda e seguir o padrao Erica de organizacao dos fatos.
Acho que se fosse escolher uma frase pra comecar, diria assim: "pro inferno com aquele blablabla de que segundo filho nasce mais facil!" Pode ateh ser, pra maioria das pessoas, mas pra mim, minha nega, tive foi que engolir pedra, areia e cimento e despejar concreto (jah curado, prontinho, no metro cubico). De agora em diante, uma coisa eh fato: nao me venham com teorias pseudo-tranquilizantes, porque gato escaldado tem medo de agua fria e ateh hoje, nenhuma dessas teorias se aplicaram a realidade desta flor que vos escreve.
Continuando...
Vou tentar nao deixar esse post um poco sem fundo de revolta, entao vamos comecar com a parte bela da coisa, baby Nick :)
Nosso molequeinho nasceu forte, fofo e saudavel. Nao precisou passar pela interminavel lista de exames que Vini passou. Nasceu as 5:53 AM do dia 22 de Setembro de 2010, na sala cirurgica do Sandringham Hospital, em Melbourne, Australia, com 4.06 Kg, 52 cm (mal medidos, porque a parteira nao esticou as perninhas dele), 39 (eu disse TRINTA E NOVE) cm de circunferencia de cabecinha. O procedimento final foi, sim, uma cesarea, linda, breve e calma - no momento em que me aplicaram a anestesia (spinal), cheguei a ouvir musica classica no ambiente, vi um mundo cor de rosa e azul bebe, vi anjos e nao medicos e enfermeiros no ambiente, fiquei com os olhos rasos d'agua, tive vontade de chorar de emocao, alegria, alivio. E chorei, muito. E depois sorri. Um sorriso daqueles de doer o rosto. Foram minutos de plena felicidade os daquela santa cesariana. Foi tao leve, tao breve, que quase pedi bis, soh pra compensar o inferno no qual padeci por horas a fio naquela maldita sala de parto
Conforme relatado em post anterior, minhas contracoes comecaram, como da outra vez, por volta de uma da manha, e mais uma vez, foram sentidas de hora em hora ateh o meio da tarde quando comecaram a diminuir o intervalo, ora de 30, ora de 20, ora de 15... voltando pra 30, ou seja, totalmente sem padrao ateh que por volta das 9 PM, senti uma tao forte que perdi o ar, nao consegui sair do lugar, nem falar e pensei: eh agora!
Saimos pro hospital e no caminho nao senti nenhuma outra contracao expressiva: "ferrou", pensei, "vou chegar lah e vao me mandar de volta pra casa...". Entretanto, logo que chegamos e fomos encaminhados pra sala de parto, voltei a sentir contracoes fortes (bem, eu achei que fossem fortes, mal sabia eu o que me esperava), com intervalos ora de 6 minutos, ora de 2... intercalando longas (com cerca de minuto e meio de duracao) e curtas. Mas nada de comecar a push, jah que ainda nao esava sentindo a tal pressao na saida, "apenas" uma dor horrorenda na pelvis. Me deram a primeira dose do antibiotico e continuaram monitorando, ateh que eu, jah entrando no segundo estagio do desespero, pedi por alguma coisa que aliviasse minha dor: vieram com o tal gas, que apesar de nao diminuir a dor, te deixa meio dormente, dah uma ondinha que ajuda a tornar os episodios um tiquinho menos dificeis.
Finalmente me examinaram e viram que eu estava com 7 cm de dilatacao e o cervix pronto. A mah noticia eh que aquela altura nao poderia mais receber a Epidural, foi quando chorei feito um bebe em colicas, pela primeira vez.
Depois disso, com muito gas nas ideias, jah com a garganta e boca secas, era chegada a hora de comecar a push. O intervalo entre as contracoes era pequeno, as contracoes variavam entre curtas e longas e eu seguia fazendo forca, mesmo sem te-las. Lah pelas tantas, vieram me contar, em doses homeopaticas, primeiro, que o bebe estava invertido (como foi com o Vini). Um frio invadiu minha espinha, "de novo, nao!". Minutos depois, me contam que alem disso, o bebe estava muito alto, ou seja, apesar de estar encaixado, nao queria descer (e aparentemente descobrimos, depois de tudo acabado, que nao tinha nada a ver com circular de cordao, o bebe apenas nao queria descer). E como faze-lo descer?
Resolveram ligar pra medica, que saiu do conforto do seu lar para, em tese, me socorrer. Em tese mesmo. Chegando lah, tudo o que fez foi examinar, me mandar levantar pra esvaziar a bexiga, entre uma contracao e outra e como nao tive sucesso, me enfiou, a sangue frio, uma sonda, que serviu pra muito pouco, jah que quase nao havia urina pra sair (e ela achou que fosse isso que estivesse impedindo o bebe de descer). Com a falta de sucesso na primeira tentativa, teve a brilhante ideia de injetar na veia um remedinho que aumentaria o tempo das contracoes pra que eu tivese a oportunidade, vejam voces, de push mais vezes em cada contracao, jah que na opiniao da bonitona, esta era a solucao. E o fez. E eu? Ah, em prantos, fazia forca, gritava, chorava, rezava, implorava pra que me tirassem daquela situacao. E ela? No eye contact! Soh sabia repetir que era assim mesmo, fazia parte do procedimento. E o tal remedinho continuava entrando pela veia e fazendo as jah insuportaveis contracoes ainda piores. Depois de sei lah quanto tempo, eu chorando e implorando por uma cesarea, ela insistia em continuar (!!!!!!!!!!). Descobri nesse meio tempo que ela eh uma obstetra que nao fazia cirurgia (nem sabia que isso existia!). Pra que chama-la entao?!?!? Bom, depois de muito implorar e chorar, resolveram que era hora de ligar pra equipe de medicos de verdade - aquela que usa toquinha, avental, bisturi... e faz piada durante a cirurgia - e me vieram com um papel pra que eu assinasse uma autorizacao pra que, em nao havendo outro jeito, fosse feita a tao implorada cesarea. Soh que antes, a medica torturadora, recomendou que a equipe tentasse o uso do forceps! Caracoles!!! Como assim? O bebe nao desceu! Como eh que ela queria usar o forceps? Me rasgar down there e enfiar a parada na marra????
Tremula, assinei o tal papel e continuei, acreditem com o remedinho na veia sentindo contracoes insanas e pushing! Ateh que, enfim, a equipe estivesse pronta na sala de cirurgia, o que levou uns 30 minutos ou mais.
No caminho pra sala de cirurgia, entre uma contracao e outra, eu rezava ardorosamente pra que o medico fosse um ser humano sensato e me conduzisse direto pra cesarea, afinal, jah havia sofrido por muito tempo aquela situacao ridicula. E pra minha sorte (se eh que depois de tudoposso chamar isso de sorte), o medico ao olhar pra minha barriga e toca-la disse logo: "o bebe estah muito alto, nao tem como usar o forceps, temos que partir pra cesariana". Logico!!! Soh aquela maluca sanguinaria eh que achava o contrario.
A partir daih, foi soh alegria e como contei no principio, os anjos vieram, um para a anestesia, outras pra assistencia, apoio moral, conforto e o heroi da noite, o cirurgiao! Que entre uma piada e outra conduziu magicamente a brevissima cirurgia. Sem brincadeira, entre anestesia e staples, nao levou nem meia-hora.
Eu, feliz da vida, ria a toa, porque passadas todas aquelas 9 horas no hopital, pelo menos no apagar das luzes, minhas preces foram atendidas.
Agora eu pergunto: pra que insistir num parto normal impossivel? Pra torturar a paciente? Sim, porque pra mim eh incompreensivel que mesmo eu implorando pelo fim daquilo tudo, eles continuassem insistindo numa "normal" delivery.
Enfim, passou... e confesso que durante toda a tentativa de fazer o parto normal soh conseguia pensar: "jamais engravidarei novamente, JAMAIS!" E, durante a breve cesarea, cheia de paz de espirito, soh pensava "se um dia eu enlouquecer e quiser engravidar novamente, marco a cesarea no dia em que o teste der positivo".
Nao me entendam mal, nao tenho nada contra o parto normal ou humanizado, desde que seja possivel conduzi-lo de forma realmente humana. Minhas duas experiencias foram traumatizantes. Por mais que tudo indicasse - nas duas vezes - que o parto normal seria mamao com acucar, nao foi o que experimentei. A verdade eh que por mais que a mulher esteja, em tese, com seu corpo preparado pro parto normal, se o bebe nao colaborar, nada feito. Eu, pelo visto, nao nasci pra parir naturalmente e foi um erro primario e primitivo insistir no procedimento novamente.
No fim das contas, o importante mesmo eh que baby Nick nasceu cheio de saude, forte e lindo :)
Ah sim, soh pra deixar registrado, vale contar que minha recuperacao pos-parto desta vez foi zilhoes de vezes mais rapida. Nem parece que passei por uma cirurgia, to otima! Jah da primeira vez, quando tive o parto normal, levei 3 semanas pra conseguir caminhar normalmente, sentar sem sentir muita dor, fazer xixi sem medo... Claro que como nem tudo sao flores, entrei no hospital na terca a noite e soh saih no sabado a noite (um dia antes do indicado), carregando uma barriga digna de uns 8 meses de gestacao =O|... mas dos males, o menor jah que apos um dia em casa, a bendita jah reduziu sensivelmente (dizem que cesarea te deixa mais inchada por mais tempo... espero que seja este o caso). Entao, meus caros, soh posso dizer que cada caso eh um caso, nao existe parto melhor nem parto pior, tudo depende das circunstancias, do dia, do bebe, e eh claro da mulher.
'As leitoras gravidas, uma boa hora! :)
Um comentário:
Acho que sou masoquista (ou sádica??), mas adoro ler sobre partos, difíceis ou não. Sinto muita saudades do meu, que não foi nem de longe o stress do seu. Difícil não comparar as experiências. Pelo visto, batimentos cardíacos de baby Nick e sua pressão estavam ótimos, né? Caso contrário, não pensariam duas vezes em fazer uma cesárea.
Qualquer dia, vou procurar seu post sobre o parto do Vini, que lembro muito pouco da história.
O bom é que passou, já foi e entre mortos e feridos, vocês estão bem, saudáveis e felizes.
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