Foi num desses cursinhos pré-maternidade, já no meio da gestação, que descobri o que na época achei um absurdo: "assim que você engravida, precisa procurar, encontrar e colocar o nome do seu filho na lista de espera por uma vaga na creche", me contou uma colega de curso. Fiquei chocada e preocupada, afinal, precisava garantir que ao final dos 6 meses que planejava ficar em casa, teria uma boa creche pra deixar meu rebento e poder, com certa tranquilidade, voltar a trabalhar. Foi quando começou a maratona.
Foram várias as creches visitadas e pouquíssimas as aprovadas, e todas elas, todinhas mesmo, tinham a famosa lista de espera.
No fim das contas conseguimos vaga numa das melhores (e mais caras) creches da cidade, o que confortou bastante meu coração de mãe de primeira viagem, e quando chegou o grande dia, com um nó gigante apertando minha garganta, começamos a tal adaptaçãao. Encurtando uma historia longa, 3 meses após o primeiro dia, meu filho, com 9 meses de vida foi convidado a se retirar da creche, notícia que recebi com um telefonema logo após meu intervalo de almoço, tendo ao fundo um bebê aos berros (o meu, claro!). Quem me contactou foi a diretora, que me contou que há tres meses, ou seja, desde sempre, meu filho gritava daquele jeito, toda vez que não tinha atenção exclusiva. "Como assim? Por que levaram tanto tempo pra me avisar?"
Lembro bem que nos primeiros dias, me disseram: "ah, quem precisa se adaptar na verdade é a mãe, porque os bebês ficam ótimos". Lembro também que nos dias, semanas e meses subsequentes, o relato do fim do dia era ensaiadamente o mesmo: "ah, o dia hoje foi bem melhor..." E, de fato, ele parecia gostar de lá.
O fato é que depois disso, comecei a trabalhar meio periodo, e revezar com o marido, que na época fazia doutorado, o que nos possibilitava uma flexibilidade maior nos horários. De manhã eu ia pro trabalho enquanto o marido tomava conta da cria e a tarde eu o rendia, enquanto ele cuidava das suas obrigações de doutorando. Mas foi por pouco tempo, porque meses depois nos mudamos pro outro lado do mundo.
Dessa vez, como bons gatos escaldados, pesquisamos as creches e entramos na lista de espera bem antes de chegarmos aqui na Austrália e ainda assim, foram bons 10 meses aguardando nossa vaga, que a princípio nos dava somente dois dias por semana.
Por que pensar em colocar novamente meu filho na creche após a traumática experiência que tivemos?, você me perguntaria. Porque acho, sinceramente, que demos azar, e também porque acho muito mais seguro deixar meu filho numa creche do que com uma babá - a gente ouve tantas historias por aí - sem falar que dificilmente, uma babá fará mais do que tomar conta, dificilmente ela fará com meus filhos atividades que auxiliem no seu desenvolvimento. Pelo menos na creche (numa boa creche, claro), uma "tia" toma conta da outra, ninguém maltrata meu bebê (pra não falar das possibilidades mais escabrosas), existe uma importante interação com outras criancas e há tambem toda uma programação direcionada ao desenvolvimento dos pequeninos.
O que eu sei é que hoje posso estufar o peito e encher a boca pra dizer que estou extremamente satisfeita com a escolha que fizemos e quem toma conta do nosso filhotinho mais velho (de 3 anos e meio) são pessoas super treinadas e competentes, isso pra nao falar do carinho com o qual ele e todos os amiguinhos são tratados.
Nao bastasse isso, o programa da creche é tão completo, tão cuidadosamente pensado, que dá gosto de ver.
Todos os dias, os pais recebem um informativo ilustrado com fotos das criancas desempenhando varias atividades e contando o que aconteceu no dia, mencionando cada criança. Um trabalho fantástico. Tão personalizado que, cada vez que leio uma passagem referente ao meu filho, por mais boba que seja, fico emocionada.
E a alimentação? Nota 1000! Super saudável e balanceada, é produzida lá mesmo, diariamente. Nada de potinhos, nada de fritura, nada de salsicha, pizza ou nuggets.
Nao tenho a menor dúvida que meu filhote é super bem cuidado e, mais do que isso, super bem conduzido. Vale cada centavo dos mais de 80 dolares diarios* que nos cobram. O Vivi simplesmente adora ir a creche.
Já meu segundinho, aos 8 meses ainda nao foi apresentado à escolinha, muito embora tenha entrado na lista de espera quando ainda não tinha nem 8 semanas no útero (gato escaldado, parte II). Não porque ainda não tenha surgido vaga, porque até surgiu, mas gente, eu estou em casa faz tanto tempo, que decidi que nao me custa ficar mais um poquinho e garantir que ele estará mais maduro pra encarar a famosa atenção dividida, porque muito embora baby Nick seja muito mais tranquilo do que foi o baby Vini, não quero arriscar um segundo trauma no mesmo tema, vou resguardar meu coração pra outros sustos, pois certamente, sendo mãe de dois meninos, muitos ainda terei.
Quem cuida do meu bebê por enquanto sou eu, que sou doidinha e faço mil atividades com ele, brinco, passo sempre a pomadinha contra assadura a cada troca de fralda, faço comidinha gostosinha, ponho pra dormir com musiquinha, se por ventura ele demora um pouquinho mais a acordar, vou checar se ele está respirando (não, isso não é exclusivo a mães de primeira viagem)... Mas meu kinder boy vai a creche feliz da vida desde os quase 2 anos de idade. E quando chegar a hora, meu bebê também irá. Até lá, haja criatividade pra entretê-lo.
Ah sim, recentemente, meu kinder boy passou a ficar em casa duas vezes na semana (pra que eu possa também ter um quality time com ele), e nos outros 3 dias, ele segue passando o dia inteiro na creche, afinal, aos quase 4 anos, precisa cumprir suas obrigações com o programa de kindergarten :)
*Sem querer abusar do tamanho do post, mas já abusando, pra você que chegou até aqui, só queria acrescentar que uma das belezas de morar na Austrália é que o auxilio recebido do governo é fenomenal. Dá gosto pagar imposto alto, porque sem dúvida nenhuma, a gente vê com o que é gasto o dinheiro, especialmente quem tem filhos. Um dos muitos benefícios de ser residente permanente aqui é receber um mega abatimento nas mensalidades da creche.
fotos retiradas de um dos informativos diarios da creche |
E pra fechar, quem quiser ler mais opniões de mães pelo mundo afora é só dar um pulinho no Mães Internacionais, que hoje está rechedo de publicações sobre o tema.
4 comentários:
Mas menina, tem como contar o nome do santo (i.e., o nome da escola)? rs
Fiquei interessada.
Oi!
Tambem sou super a favor de creche.
Pensei q essa coisa de cuidar se esta respirando era soh piracao minha, as x checo e perguntam se tem alguma coisa, digo nao nada hehehe
Bj carol P
www.motherlovedatabase.com
Puxa Erica, fiquei com vontade de matricular meus filhos nessa escolinha aí!!! rsrsrs Parece muito bom mesmo! Tb prefiro escola a uma pessoa sozinha com eles... Quando eramos pequenos minha mãe pagava uma babá para cuidar de mim e do meu irmão, uma vez ela, QUIS bater no meu irmão e nós é que batemos nela... ahahah Mas não é brincadeira essas coisas, melhor um lugar com muita gente olhando sempre... ainda mais assim, nesse paraízo que vc achou... rsrsrs
Beijinhos!
Bebel tá na creche. Não é essa super vip plus que você tem aí, mas é bem boa. Mas...vou confessar: daria TUDO para poder ficar em casa cuidando dela em tempo integral. Tudo mesmo.
Beijoca
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