what the heck does it mean?

The jump of the kangaroo é minha versão aussie pro "the jump of the cat". Malandragem carioca com sotaque australiano. Um mix que surgiu num momento quando, ainda moradora da Terra do Tio Sam, explicava alguma coisa - nao lembro o que - pro meu marido e sem querer, o "kangaroo" entrou no lugar do "cat" - talvez por eu estar impregnada de Australia...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

descobrindo...

Toda vez que levamos o Vinny ao parque eh batata, sempre conhecemos uma nova familia, jah que aqui, ao contrario dos EUA, as pessoas puxam papo, conversam sobre a vida, contam causos.
Domingo conhecemos uma familia ucraniana e assim ficamos sabendo um pouquinho mais sobre os aspectos culturais daqueles lados de lah.
Eram 5, pai, mae, filho de 8 anos e gemeas da idade do Vinny. Eram gemeas bivitelinas que nao se assemelhavam em nadinha. Uma bem mais alta que a outra, inclusive. A familia, cheia de raca nao mora em Brighton, mas gosta tanto daqui que anda 40 minutos com as criancas ateh chegar no micro parque que temos aqui do lado. Quando chegamos, eles estavam 'almocando' sushi e frutas, sentadinhos no banco do parquinho.
Nao demorou muito ateh que a mae puxasse papo. Contou que mora aqui ha 11 anos (o marido ha 15) e que AMA morar aqui, que aprecia cada detalhe, cada bom dia que recebe do motorista do onibus e nao tem a menor vontade de voltar pra terra natal e pior, quando foi visitar a familia, quis voltar correndo, tamanho o medo de andar pelas ruas. Segundo ela, voce, ao saltar do onibus tem que correr pra casa, porque a qualquer momento pode ser assaltado, especialmente a noite(serah exagero?). Entretanto o que mais me chocaria ainda estava por vir, porque medo de ser assaltado, todos nos temos vivendo/passeando no Rio. Aparentemente na Ucrania e Russia ha um clima de estresse e descontentamento geral, que faz com que as pessoas carreguem semblantes pesados, carrancudos e, pior, faz com que elas desaprovem e achem uma afronta qualquer sinal de felicidade alheia. A pobre criatura, mae das criancas, contou que sentiu-se metralhada por olhares varias vezes e numa delas, estando acompanhada de seu irmao (que AINDA vive lah, frisou), foi alertada pelo mesmo: "reparou em como as pessoas estao te olhando?" e ela:"sim, mas por que?", ele:"por causa do seu semblante sereno, despreocupado, feliz".
Incrivel, mas aparentemente as pessoas nao soh sao descontentes, como nao admitem que o outro esteja feliz.
Mas ainda fica pior. Contou-me que uma vez, estava pagando por uma compra ao que a mulher do caixa vira pra ela e pergunta, carrancuda: "do que voce estah rindo?" e ela: "nao estou rindo, estou sorrindo" e a mulher ainda mais carrancuda: "voce deve ter muitos motivos pra sorrir mesmo..."
Fiquei chocada! Que isso, minha gente, como pode uma coisa dessas?
A pobre ucraniana ainda completou me contando que praqueles lados de lah, ninguem olha pro outro na rua e sorri, ou dah bom dia. Falar com outra familia no parque? Nem pensar! Nao eh a toa que a povereta nem cogita a possibilidade de voltar pra lah.
Ca entre nos, perdoem-me o absurdo que vou escrever, mas, mil vezes o Rio, onde te assaltam sorrido =O|
Nossa cidade (e o pais como um todo) tem sim uma infinidade de problemas sociais e economicos, mas nao consigo imaginar alguem passando por situacao parecida numa terra como a nossa. Mesmo com todos os problemas, toda a violencia e a consequente inseguranca, ainda assim temos um povo que sorri. Mesmo lah nos cafundos, onde Judas perdeu as botas, mesmo as pessoas mais sofridas te oferecem um sorriso amigo, um copo d'agua. Confesso que nao tive nem forcas pra reclamar do Brasil, fiquei sem voz, jah que violencia, corrupcao, problemas economicos... sao caracteristicas similares num caso e noutro, entretanto a forma como o povo encara a situacao eh a bit different e por mais que eu nao ache que tudo tenha que acabar em pizza ou em samba, melhor (ou menos pior) assim do que ser obrigado a entrar no sistema das caras amarradas e ter uma existencia irremediavelmente infeliz. Salve os pagodes na laje, o espetinho de gato, os sorrisos banguelas. Viva esse nosso povo que, coitado, apesar de sofrido sempre encontra um motivo pra num sabado a tarde, tocar um samba, dar uma gargalhada, contar piada, indignar-se com o vizinho, e ainda assim te-lo como amigo. Ignorantes? Alheios a realidade? Sei nao... se a situacao eh preta, melhor ser otimista e tentar viver o tantinho de coisa boa que a vida pode oferecer ao inves de encarar sua existencia com tamanha austeridade, vestir essa casca grossa que te poe a parte do mundo e enterrar-se vivo num semblante sem esperanca.

4 comentários:

Roberta disse...

isso aí, Eriquinha, é (bem) melhor ser alegre que ser triste!
bjs, tia Rob

william disse...

Olaaaa vcs treis(tres), achei muito interessante sua abordagem sobre comportamento de cultura, alias vc e Mauricio se tornaram MESTRES neste assunto ehehehhe.... Ma se voce voltar para o microcosmo...sim porque vc esta se relatando ao macrocosmo..... existem muitos que mesmo estando em situação diferente manteem uma atitude diferente (nã0 sabemos porque)de uma comunidade.Vide vizinhos de um bairro, de condominios....ect e tal

beijos e abraço

william disse...

Para complementar o post anterior....em MARTE existe mal humorado.....acreditas....pode ter certeza ehehehehehe


beijos

Polly Etienne disse...

ahhahhahaha adorei o "mil vezes o rio, onde te assaltam sorrindo".
Eu acho que aquele sol escaldante do Rio (brasil em geral) também ajuda a gente manter a alegria...