what the heck does it mean?

The jump of the kangaroo é minha versão aussie pro "the jump of the cat". Malandragem carioca com sotaque australiano. Um mix que surgiu num momento quando, ainda moradora da Terra do Tio Sam, explicava alguma coisa - nao lembro o que - pro meu marido e sem querer, o "kangaroo" entrou no lugar do "cat" - talvez por eu estar impregnada de Australia...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

vamos por partes (este eh longo)

***escrito aos 25 de setembro de 2010***

Hoje, 4 dias apos eu ter entrado em trabalho de parto, aqui estou eu ainda no hospital - juro, to quase cortando os pulsos, nao aguento mais!
Voce aih, na paz do seu lar deve etar se perguntando, "mas e aih, como foi o parto?", pois bem... senta que lah vem a estoria, ou melhor, o drama.

Como voces jah sabem atraves do marido, o parto foi duro, e, claro, se eu estou aqui hoje com energia pra contar pra voces o que aconteceu, eh sinal que terminou tudo bem.

Por onde comecar? Nao sei se narro os fatos conforme foram acontecendo, obedecendo a linha do tempo, ou se chuto o balde, mando pros quintos as etapas e vomito aqui tudo pelo que passei, assim desordenadamente mesmo. A vontade eh fazer um post num formato especial, soh com caracteres assim, oh: *$^!$^*)%#$@!&^*$. Mas vou tentar segurar minha onda e seguir o padrao Erica de organizacao dos fatos.

Acho que se fosse escolher uma frase pra comecar, diria assim: "pro inferno com aquele blablabla de que segundo filho nasce mais facil!" Pode ateh ser, pra maioria das pessoas, mas pra mim, minha nega, tive foi que engolir pedra, areia e cimento e despejar concreto (jah curado, prontinho, no metro cubico). De agora em diante, uma coisa eh fato: nao me venham com teorias pseudo-tranquilizantes, porque gato escaldado tem medo de agua fria e ateh hoje, nenhuma dessas teorias se aplicaram a realidade desta flor que vos escreve.

Continuando...

Vou tentar nao deixar esse post um poco sem fundo de revolta, entao vamos comecar com a parte bela da coisa, baby Nick :)

Nosso molequeinho nasceu forte, fofo e saudavel. Nao precisou passar pela interminavel lista de exames que Vini passou. Nasceu as 5:53 AM do dia 22 de Setembro de 2010, na sala cirurgica do Sandringham Hospital, em Melbourne, Australia, com 4.06 Kg, 52 cm (mal medidos, porque a parteira nao esticou as perninhas dele), 39 (eu disse TRINTA E NOVE) cm de circunferencia de cabecinha. O procedimento final foi, sim, uma cesarea, linda, breve e calma - no momento em que me aplicaram a anestesia (spinal), cheguei a ouvir musica classica no ambiente, vi um mundo cor de rosa e azul bebe, vi anjos e nao medicos e enfermeiros no ambiente, fiquei com os olhos rasos d'agua, tive vontade de chorar de emocao, alegria, alivio. E chorei, muito. E depois sorri. Um sorriso daqueles de doer o rosto. Foram minutos de plena felicidade os daquela santa cesariana. Foi tao leve, tao breve, que quase pedi bis, soh pra compensar o inferno no qual padeci por horas a fio naquela maldita sala de parto normal, onde a medica "respondia" as minha suplicas com ouvido de mercador, onde padeci num purgatorio sombrio, que gostaria de poder apagar para sempre da minha mente.Infelizmente sei que nao eh possivel. E como tudo nesta vida, devemos tirar o melhor, descobri depois de amargurar por quase 9 horas sentindo TODAS as dores do parto, que meu primeiro parto nao foi tao ruim assim e acabei por supera-lo completamente ainda nas primeiras horas do ultimo parto, quando uma das parteiras vira-se pra mim e diz numa voz mansa: "infelizmente nao temos mais tempo pra uma epidural". Esse foi o primeiro momento em que chorei de solucar naquela noite dos horrores. Mas nao se precipitem nas conclusoes, nao foi aih que comecou o suplicio, horas antes, passei sofrendo as contracoes com intervalos de 2 minutos e duracao de 1 e meio, fortes como coices de mula teimosa, longas como fila do INSS - me deem, por favor, a liberdade ao exagero.

Conforme relatado em post anterior, minhas contracoes comecaram, como da outra vez, por volta de uma da manha, e mais uma vez, foram sentidas de hora em hora ateh o meio da tarde quando comecaram a diminuir o intervalo, ora de 30, ora de 20, ora de 15... voltando pra 30, ou seja, totalmente sem padrao ateh que por volta das 9 PM, senti uma tao forte que perdi o ar, nao consegui sair do lugar, nem falar e pensei: eh agora!

Saimos pro hospital e no caminho nao senti nenhuma outra contracao expressiva: "ferrou", pensei, "vou chegar lah e vao me mandar de volta pra casa...". Entretanto, logo que chegamos e fomos encaminhados pra sala de parto, voltei a sentir contracoes fortes (bem, eu achei que fossem fortes, mal sabia eu o que me esperava), com intervalos ora de 6 minutos, ora de 2... intercalando longas (com cerca de minuto e meio de duracao) e curtas. Mas nada de comecar a push, jah que ainda nao esava sentindo a tal pressao na saida, "apenas" uma dor horrorenda na pelvis. Me deram a primeira dose do antibiotico e continuaram monitorando, ateh que eu, jah entrando no segundo estagio do desespero, pedi por alguma coisa que aliviasse minha dor: vieram com o tal gas, que apesar de nao diminuir a dor, te deixa meio dormente, dah uma ondinha que ajuda a tornar os episodios um tiquinho menos dificeis.

Finalmente me examinaram e viram que eu estava com 7 cm de dilatacao e o cervix pronto. A mah noticia eh que aquela altura nao poderia mais receber a Epidural, foi quando chorei feito um bebe em colicas, pela primeira vez.

Depois disso, com muito gas nas ideias,  jah com a garganta e boca secas, era chegada a hora de comecar a push. O intervalo entre as contracoes era pequeno, as contracoes variavam entre curtas e longas e eu seguia fazendo forca, mesmo sem te-las. Lah pelas tantas, vieram me contar, em doses homeopaticas, primeiro, que o bebe estava invertido (como  foi com o Vini). Um frio invadiu minha espinha, "de novo, nao!". Minutos depois, me contam que alem disso, o bebe estava muito alto, ou seja, apesar de estar encaixado, nao queria descer (e aparentemente descobrimos, depois de tudo acabado, que nao tinha nada a ver com circular de cordao, o bebe apenas nao queria descer). E como faze-lo descer?
Resolveram ligar pra medica, que saiu do conforto do seu lar para, em tese, me socorrer. Em tese mesmo. Chegando lah, tudo o que fez foi examinar, me mandar levantar pra esvaziar a bexiga, entre uma contracao e outra e como nao tive sucesso, me enfiou, a sangue frio, uma sonda, que serviu pra muito pouco, jah que quase nao havia urina pra sair (e ela achou que fosse isso que estivesse impedindo o bebe de descer). Com a falta de sucesso na primeira tentativa, teve a brilhante ideia de injetar na veia um remedinho que aumentaria o tempo das contracoes pra que eu tivese a oportunidade, vejam voces, de push mais vezes em cada contracao, jah que na opiniao da bonitona, esta era a solucao. E o fez. E eu? Ah, em prantos, fazia forca, gritava, chorava, rezava, implorava pra que me tirassem daquela situacao. E ela? No eye contact! Soh sabia repetir que era assim mesmo, fazia parte do procedimento. E o tal remedinho continuava entrando pela veia e fazendo as jah insuportaveis contracoes ainda piores. Depois de sei lah quanto tempo, eu chorando e implorando por uma cesarea, ela insistia em continuar (!!!!!!!!!!). Descobri nesse meio tempo que ela eh uma obstetra que nao fazia cirurgia (nem sabia que isso existia!). Pra que chama-la entao?!?!? Bom, depois de muito implorar e chorar, resolveram que era hora de ligar pra equipe de medicos de verdade - aquela que usa toquinha, avental, bisturi... e faz piada durante a cirurgia - e me vieram com um papel pra que eu assinasse uma autorizacao pra que, em nao havendo outro jeito, fosse feita a tao implorada cesarea. Soh que antes, a medica torturadora, recomendou que a equipe tentasse o uso do forceps! Caracoles!!! Como assim? O bebe nao desceu! Como eh que ela queria usar o forceps? Me rasgar down there e enfiar a  parada na marra????

Tremula, assinei o tal papel e continuei, acreditem com o remedinho na veia sentindo contracoes insanas e pushing! Ateh que, enfim, a equipe estivesse pronta na sala de cirurgia, o que levou uns 30 minutos ou mais.

No caminho pra sala de cirurgia, entre uma contracao e outra, eu rezava ardorosamente pra que o medico fosse um ser humano sensato e me conduzisse direto pra cesarea, afinal, jah havia sofrido por muito tempo aquela situacao ridicula. E pra minha sorte (se eh que depois de tudoposso chamar isso de sorte), o medico ao olhar pra minha barriga e toca-la disse logo: "o bebe estah muito alto, nao tem como usar o forceps, temos que partir pra cesariana". Logico!!! Soh aquela maluca sanguinaria eh que achava o contrario.

A partir daih, foi soh alegria e como contei no principio, os anjos vieram, um para a anestesia, outras pra assistencia, apoio moral, conforto e o heroi da noite, o cirurgiao! Que entre uma piada e outra conduziu magicamente a brevissima cirurgia. Sem brincadeira, entre anestesia e staples, nao levou nem meia-hora.

Eu, feliz da vida, ria a toa, porque passadas todas aquelas 9 horas no hopital, pelo menos no apagar das luzes, minhas preces foram atendidas.

Agora eu pergunto: pra que insistir num parto normal impossivel? Pra torturar a paciente? Sim, porque pra mim eh incompreensivel que mesmo eu implorando pelo fim daquilo tudo, eles continuassem insistindo numa "normal" delivery.

Enfim, passou... e confesso que durante toda a tentativa de fazer o parto normal soh conseguia pensar: "jamais engravidarei novamente, JAMAIS!" E, durante a breve cesarea, cheia de paz de espirito, soh pensava "se um dia eu enlouquecer e quiser engravidar novamente, marco a cesarea no dia em que o teste der positivo".

Nao me entendam mal, nao tenho nada contra o parto normal ou humanizado, desde que seja possivel conduzi-lo de forma realmente humana. Minhas duas experiencias foram traumatizantes. Por mais que tudo indicasse - nas duas vezes - que o parto normal seria mamao com acucar, nao foi o que experimentei. A verdade eh que por mais que a mulher esteja, em tese, com seu corpo preparado pro parto normal, se o bebe nao colaborar, nada feito. Eu, pelo visto, nao nasci pra parir naturalmente e foi um erro primario e primitivo insistir no procedimento novamente.

No fim das contas, o importante mesmo eh que baby Nick nasceu cheio de saude, forte e lindo :)

Ah sim, soh pra deixar registrado, vale contar que minha recuperacao pos-parto desta vez foi zilhoes de vezes mais rapida. Nem parece que passei por uma cirurgia, to otima! Jah da primeira vez, quando tive o parto normal, levei 3 semanas pra conseguir caminhar normalmente, sentar sem sentir muita dor, fazer xixi sem medo... Claro que como nem tudo sao flores, entrei no hospital na terca a noite e soh saih no sabado a noite (um dia antes do indicado), carregando uma barriga digna de uns 8 meses de gestacao =O|...  mas dos males, o menor jah que apos um dia em casa, a bendita jah reduziu sensivelmente (dizem que cesarea te deixa mais inchada por mais tempo... espero que seja este o  caso). Entao, meus caros, soh posso dizer que cada caso eh um caso, nao existe parto melhor nem parto pior, tudo depende das circunstancias, do dia, do bebe, e eh claro da mulher.

'As leitoras gravidas, uma boa hora! :)

Um comentário:

Chris disse...

Acho que sou masoquista (ou sádica??), mas adoro ler sobre partos, difíceis ou não. Sinto muita saudades do meu, que não foi nem de longe o stress do seu. Difícil não comparar as experiências. Pelo visto, batimentos cardíacos de baby Nick e sua pressão estavam ótimos, né? Caso contrário, não pensariam duas vezes em fazer uma cesárea.
Qualquer dia, vou procurar seu post sobre o parto do Vini, que lembro muito pouco da história.
O bom é que passou, já foi e entre mortos e feridos, vocês estão bem, saudáveis e felizes.